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O mascote

  • Foto do escritor: Roberto Mendonça Maranho
    Roberto Mendonça Maranho
  • 19 de ago.
  • 3 min de leitura

Alguns dias atrás, fui convidado para participar de um encontro de ex-alunos da Unesp, na cidade de Araraquara / SP. A ideia apresentada foi muito interessante: reunir ex-moradores da República Fornalha, além das pessoas mais próximas, ingressantes nos anos de 2000 até 2025.


Faço parte da geração que acompanhou a república desde o seu início, tendo ingressado na faculdade no ano 2000. No churrasco, realizado para celebrar todos esses anos da república, encontrei vários amigos dessa mesma época. Alguns que não via há um bom tempo, outros em que uma vez ao ano buscamos promover um pequeno encontro. Emocionante foi reencontrar amigos que marcaram uma importante época da vida. Refiro-me a amizades com raízes profundas que o tempo não enfraquece.


Ótimo foi rever integrantes de gerações intermediárias, que conheci no último encontro, nove anos atrás, como esse realizado. Aliás, momento em que tive o prazer de conhecer os integrantes atuais que organizaram todo o evento com muito cuidado, providenciando uma estrutura bem montada, com boa comida, bebida e uma banda para animar as rodas de conversas, oportunidade que chamou minha atenção pelo respeito com que tratavam os mais antigos.


Vale dizer que estava ajudando na organização do evento a Dona Maria, que trabalhava como empregada doméstica cuidando da república há muitos anos. Logo que cheguei, quando ela me viu, ficou tão empolgada que me deu um forte abraço! Começou lembrar-se de um tempo já distante, sorrindo, falando sem parar. Foi marcante o carinho dela.


Importante dizer que, num encontro como esse, é natural surgirem nas conversas lembranças de acontecimentos dos velhos tempos. E, no meu caso, o momento sempre lembrado e comentado é a “história do mascote”. É especial compartilhá-la aqui.


Os jogos universitários eram um dos momentos mais esperados pelos estudantes. Momento em que se reuniam alunos de diferentes instituições para disputar diversas modalidades esportivas. E, tão importante quantos os atletas, era a animação da torcida. A bateria era o coração que pulsava e movia toda a animação, formada por diversos instrumentos de percussão que davam o tom em cada partida, em cada disputa. Pessoalmente, adorava tocar e estar animando no meio da torcida.


Ocorre que, em 2003, aconteceu o Economíadas Caipira, na cidade de Aguaí / SP. Dias antes de embarcarmos nos ônibus que nos levariam para o aguardado evento, comprei um chapéu imenso e pintei os dizeres “Unesp Araraquara”, deixando-o todo colorido. Porém, como ele era muito grande, atrapalhava a visão. Diante disso, decidi recortar um retângulo que servia como um visor. Estava pronta a indumentária para fazer parte da animação da torcida!


Na época eu jogava basquete. Em um jogo contra a Unicamp, tudo corria normalmente até a hora do intervalo. Foi quando os atletas foram para as laterais e entrou, no centro da quadra, o mascote da torcida da Unicamp. Um estudante trajando uma fantasia de coiote, que começou a fazer várias graças, diversos movimentos, levando sua torcida à grande animação. E a Unesp não tinha uma fantasia de nosso mascote (que era representado pela imagem de um morcego). Não sei o que me deu naquele momento, mas incorporei o papel de mascote!


Corri até a torcida e peguei meu chapelão, vesti e fui em direção ao coite. Mantendo certa distância, comecei a dar chutes giratórios no ar – lembranças do tempo em que pratiquei TaeKwonDo –, e fui conduzindo o mascote da Unicamp até a saída da quadra. Feito isso, corri para o centro e comecei a pular e animar a torcida da Unesp. Bateria tocando, galera gritando. Aí me empolguei: fiz um gesto para que abrissem um espaço no meio da torcida, do outro lado da grade que a separava da parte de dentro da quadra. A grade era da altura do meu umbigo (considerando minha altura de 1,91m) e calculei que dava para saltar por ela. Corri e pulei...! Foi quando caí grudado na parte externa da grade, como uma aranha em sua teia, batendo a parte interna da coxa esquerda na parte superior do metal. Nesse momento o ginásio inteiro exclamou em uma só voz: “uuhhh!”, imediata reação de quem vê alguém levando uma bolada abaixo da linha da cintura.


Satisfeito? Não estava. Voltei para o centro da quadra e corri de novo em direção à grade, dessa vez saltando e, enquanto estava no ar, o chapelão escapou e com um rápido gesto o segurei, aterrissando do outro lado onde estava a torcida. Não sei até hoje quem ganhou aquele jogo, pois depois disso não voltei para continuar a partida.


Este encontro foi uma forma também de reviver essas lembranças. À noite, o pessoal resolveu relembrar os gritos de torcida dos jogos universitários. Cantando várias músicas e hinos, alguns que só os mais antigos lembravam, outros que se mantiveram através do tempo e residem em nós até hoje.

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